sexta-feira, 21 de maio de 2010

Dia Mundial da Diversidade Cultural

Em 2001, a Assembleia Geral das Nações Unidas declarou 21 de maio como o Dia Mundial para a Diversidade Cultural e para o Diálogo e o Desenvolvimento, para destacar a importância dos valores da paz e da solidariedade. Este Dia destina-se a enviar a todos aqueles que buscam semear a divisão entre os seres humanos um sinal e dizer-lhes que suas tentativas sempre encontram resistência por parte daqueles que têm fé nas forças, mais poderosas, da tolerância e da compreensão.

Vocês podem achar que a postagem é desconexa. Ela não é. Em um mundo cheio de regras, e padrões a serem seguidos, ser diferente custa um preço muito alto. E uma figura me veio à cabeça, me levantando uma série de questionamentos, sendo o principal: Como deve ser viver fora dos padrões (no nível dessa criatura tão interessante) em um mundinho tão careta, limitado e acima de tudo, LIMITADOR? Estou falando de Buck Angel.

BUCK ANGEL


Um slogan provocador não basta para definir o lugar que Buck Angel ocupa no mundo.
"O homem com uma vagina" (em tradução mais comportada) serve para emoldurar as idas e vindas sexuais de uma estrela pornô americana em franca ascensão. Mas a tela, mesmo na arte cada vez mais andrógina do terceiro milênio, ainda precisa ser completada com pinceladas do surrealismo mais inquietante.


Buck nasceu Susan Butch, em 1968. Logo, o seu alter-ego pareceu gritar "Sai, este corpo não lhe pertence" quando a menina se descobriu no espelho. E a cada reflexo, um coquetel de angústia e desconforto que levou Susan às drogas e a tentativas de suicídio.


 A catarse passou pela mutilação em busca da expiação de todo traço feminino no ser que estava para se formar. Na verdade, quase todo sinal. Foram-se os seios, mas Susan preservou sua genitália feminina. Só que já era tarde, ela já era ele, rebatizara-se Buck Angel, com direito a "sexo masculino" em todos os seus documentos. Forjado em academias e nas ruas mais escuras de Los Angeles, Buck resolveu um dia dar mais um giro de 180º. 



Homem feito, tatuado e com jeito de 'bad boy', ele se sentiu atraído por homens e...bom, o resto ele mesmo conta nesta entrevista - concedida por telefone de Yucatan, no México, onde se refugiou sentindo-se "perseguido" por autoridades americanas. Aventure-se no espelho de Buck e tente defini-lo...

Escultura de Buck em tamanho real na White Cube Gallery, em Londres

Quando você se descobriu um menino e não uma menina?
Na verdade eu sempre me senti um menino. Quando eu fui crescendo ia crescendo um menino. Eu brincava e me vestia como um menino. Até os meus pais me tratavam como um menino. Em toda a minha vida eu nuca me senti menina.

Você nunca brincou com uma Barbie?
Não, não! Nunca cheguei perto. Sempre brinquei com brinquedos para meninos. Meu boneco favorito era o GI Joe (bonecos conhecidos no Brasil como 'Comandos em Ação'). E os meus pais não se importavam. Muito pelo contrário, eles me davam brinquedos para meninos. Quando as pessoas tentavam fazer com que eu brincasse com bonecas eu ficava muito aborrecido.

Então seus pais reagiram bem ao seu desejo de se tornar um homem, não? 
Sim, eles aceitaram muito bem. Antes da minha transformação, as pessoas me categorizavam como uma lésbica. Mas eu nunca me senti um lésbica. Elas tinham que me categorizar dessa forma, afinal não havia nada parecido com o que sou agora. Mas isso não me satisfazia, isso não me deixava confortável. Meus pais também não me aceitavam como uma lésbica, eles não ficavam felizes com isso. Porque viam que eu não era uma lésbica. Isso até os distanciava de mim. Quando disse que queria me transformar em um homem eles ficaram felizes. Eles me aceitam e me amam, eles me chamam de filho, apresentam-me aos seus amigos como filho. Tudo ficou muito bem.

Você tem irmãos?
Não, apenas duas irmãs: uma mais velha e uma mais nova do que eu.

Buck, você perdeu amigos depois de suas transformação de mulher para homem?
É uma boa pergunta. Quase todos os meus amigos me abandonaram. Apenas dois deles continuaram meus amigos depois da minha transformação. A maioria não entendeu e ficou aborrecida com o que eu fiz. Bom, eu me fiz a transformação há 15 anos, quando isso não era tão aceito como hoje em dia. Muitos que se foram do meu convívio eram lésbicas, que achavam que eu não estava sendo verdadeiro fazendo aquilo e que eu as estava traindo.

Mas você acha isso bem-aceito hoje em dia?
Passados 15 anos, as coisas melhoraram. As pessoas mudaram um pouco.

Quando as pessoas o chamam de travestido isso o perturba?
Não me importo, isso é apenas uma palavra. Palavras são palavras, nada mais do que isso. As pessoas podem me chamar do que quiserem. Tenho muito orgulho do que sou. As pessoas não entendem o que sou, não vêem tantas pessoas como eu. E por isso às vezes são rudes comigo. As pessoas têm medo daquilo que não conhecem bem. É isso o que acontece com os trannyfags (numa tradução livre, travestis gays), eles são a novidade, as pessoas não sabem como lidar.

O que exatamente mudou no seu corpo na transformação de mulher para homem?
Eu só fui submetido a uma cirurgia, quando removi meus seios. Basicamente, modelei meu corpo tomando hormônio masculino e fazendo muita musculação.

O seu slogan é "o homem com uma vagina". Você nunca pensou em fazer uma cirurgia para implantar um pênis?

Nos primeiros dias após a transformação cheguei a pensar nisso, mas com o tempo fiquei mais confortável com o meu corpo. Não acho que a cirurgia seja uma boa para mim. Na verdade, acho que não funcionaria comigo. Sem falar que a operação nos EUA é muito cara: de US$ 50 mil a US$ 70 mil. Pagar isso por um pênis? Ridículo! Pagar isso por um pênis que não funciona como deveria? Não... em. 
Além disso, eu gosto de usar minha vagina.


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