sexta-feira, 4 de junho de 2010

Nostalgia de Junho (Querido Diário: Caminhando nas nuvens_sem pára-quedas)



Sabe quando você acha que encontrou "a tampa da tua panela"? Pra mim, Jota era isso e muito mais. Até a sinastria de signos parecia ir a nosso favor. Ele, escorpiano dominador; eu, pisciano que gosta de ser conduzido...eu, apaixonado, ele correspondendo, enfim.
Não havia me dado conta que ja estava me acostumando com Jota como namorado e nem percebi que ja havia deixado tantas coisas minhas em seu apartamento. Ron, o ex namorado que morava com ele, vez ou outra me abordava com alguma alfinetada. Eu sempre respondia com o que Jota chamava de "humor rebuscado". Algo que para quem não me compreendesse, eu passava por inocente ou ignorante, e para quem "sabe ler", era um revide com luvas de pelica.

Lembro-me com memória fotográfica dos filmes que Jota alugou para vermos no sofá da sala. Minha cabeça encostada em seu colo encontrava algo nada macio durante todo o filme. Pensando bem, não sei como aguentamos assisti-lo sem pausa para...deixa pra lá.

Conheci também alguns amigos de Ron, que pareceu muito incomodado com a afinidade que tive com eles. Jota parecia mais próximo e mais doce. Eu não queria outra coisa na vida.

Pois é, mas nos finais de semana seguintes, eu ignorei completamente meu radar. Jota estava mais distante e atribuiu isso a excesso de trabalho e uma certa depressão. Ofereci-me para ajudar no que fosse possível. Até que ouvi as frases clichês: "Neném, vamos dar um tempo. Não é você, sou eu."

Voltei para minha cidade com a sensação de ter perdido um órgão vital. Jota não me telefonava mais, seus emails eram frios e eu a todo custo insistia em estabelecer contato pra saber o que de fato aconteceu de errado. Jota dizia que nossa estrada se convergiria novamente, no futuro.

Eu não tinha olhos pra ninguém ao meu redor e comecei uma odisseia: escrevia cartas a Jota, TODOS os dias. Sempre perfumadas e coloridas. Às vezes falando de sentimentos e sonhos, outras, enviando poesias ou não falando coisa com coisa. Álvaro de Campos (Fernando Pessoa) poderia fatalmente me usar como modelo para sua poesia "Todas as cartas de amor são ridículas". Mas era minha maneira de não deixar o tempo, a distância e o silêncio ganharem terreno.

Um dia, Jota passa por Volta Redonda, me telefona e passa rapidamente na porta de minha casa e deixa em uma mochila, tudo que era meu e que estava no apartamento.

Não podia escutar "Vento no Litoral", que desabava em choro. Voltei a ouvir Adriana Calcanhoto e Marisa Monte compulsivemente. Minha trilha sonora internacional era o cd "Something to Remember", da Madonna,e as músicas  Still Got The Blues, do Gary Moore e Wicked Game, do Chris Izaak. Um chororô infinito, Sexy, mas triste que só. Fim de carreira maior, só se eu escutasse Maysa.




Mas sabe quando a gente perde o senso? Na época, eu fazia alguns trabalhos de modelo e figurante (rio sempre quando lembro disso), e sempre que ia ao Rio, telefonava pra ele, procurando saber como estava, ouvir sua voz, que tanto me fazia falta. Pura inconveniência.

Como diria Dercy Gonçalves, "Paixão é um calo no cérebro."

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