quarta-feira, 2 de junho de 2010

Nostalgia de Junho ("Querido Diário"...)


Parece que foi ontem, e tenho 21 anos outra vez.
Vejo-me na Biblioteca Municipal de Volta Redonda, procurando me distrair da minha vidinha miserável e  insuportavelmente chata.

Através de um amigo, conheço alguns sites de relacionamentos_algo que eu adorava fazer na biblioteca, por ser proibido (risos)_ e acabo achando divertido uma chuva diária de mensagens em minha caixa postal. Muitos tipos interessantes e apolíneos me abordavam e eu, apesar de achar o maior barato, não dava muita atenção, até me deparar com a mensagem de um "Marinheiro Carioca".

A abordagem foi sutil, mas me interessou, apesar de sua foto no perfil ser do tamanho de um cocô de pulga. Só se via um grande fundo verde, de vegetação, e ele era um cisco no meio disso. Mas não é que o raio do homem fez um clique, na minha cabeça? A partir daquele "Oi, tudo bem?" eu passei a querer ler mais sobre ele.Passamos semanas nos falando. Soube que ele era advogado quarentão, morava na Zona Sul do Rio de Janeiro_ algo que para mim não significava muito. Eu não conhecia nada do Rio mesmo..._ adorava o mar e praticava esportes relacionados a água.

Eu já achava que meu interlocutor virtual me esqueceria em detrimento às possibilidades de um contato real conseguido mais facilmente com outras pessoas num raio mais próximo, quando ele me pede o número de telefone. Na época eu não tinha celular, e protelando, uma semana após o pedido, dei o número de um orelhão do lado de fora da biblioteca. Eu bobo que só, garoto do interior, tive medo de atender à ligação, mas acabei gostando muito da voz que chegou ao meu ouvido. Era forte, masculina e ao mesmo tempo, gentil. Gostei tanto da voz que queria conversar até a hora de dormir.Uma vez mais, eu achei que isso não ia dar em nada e que ele não fosse me dar muita bola. E levamos quase dois meses nos falando no orelhão da biblioteca até eu tomar coragem e dar o número de casa.

Já não pensava muito, Queria mesmo ouvir aquela voz todos os dias. Até que marcamos de nos encontrar. Fui ao Rio de Janeiro, me sentindo um alienígena. Meu coração parecia não aguentar o passar dos minutos. E quando ele chegou num carro vermelho escuro, eu fiquei petrificado, mas tentei não demonstrar_ o que ele parece ter percebido mesmo assim. Acabamos indo para uma cafeteria e sorriu quando ao me oferecer uma bebida, escolhi um chocolate quente.

Caramba, ainda sinto o gosto do chocolate, a voz,o cheiro a textura da pele de "Jota", o marinheiro, e até mesmo o cheiro daquele dia.

Quer saber? A história não acaba aqui não.Continua....

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