Apesar de não tirar Jota da cabeça (a música O Vento, de "Jota Quest" tocava o tempo todo nas rádios da cidade e a nostalgia me alimentava a alma de uma maneira bem dolorida), quase dois anos depois, eu acabei conhecendo outra pessoa, "Eme". Um partidão. Bonito, popular, independente e que vivia uma vida confortável.Perto dele, eu me sentia o patinho feio ao lado do cisne. Mas o sujeito era tão bacana que o complexo de inferioridade não durou muito tempo. Quando dei por mim, já estava fazendo programa de namorados. Indo juntos ao Shopping Center da cidade para comer, cineminha a dois regado a pipoca, refrigerante e muita mão boba...
Passei até mesmo a ir a shows, coisa que nunca fui muito fã, por não gostar muito de muvuca.
Sabe aquela pessoa que te surpreende e te dá um presente assim, sem avisar, simplesmente porque hoje é quarta-feira, por exemplo? Eme era assim. Cismava do nada e às vezes estávamos passando o final de semana na estrada_ e acabávamos usando a paisagem do percurso como fundo de nossas "recreações".Risos.
Mas me perguntava o tempo todo: "Por que com tudo dando certo, um incômodo indecifrável me dizia que tinha alguma coisa muito errada?".De qualquer modo, era meu momento de viver a vida sorrindo , no melhor estilo "Hakunna Matata".O que poderia haver de errado nisso tudo?
Eme era viciado em cocaína e numa de suas crises, quebrou seu apartamento inteiro e me deu uma surra enquanto eu me defendia de pratos que voavam, espelhos e vidros atingidos por qualquer outra coisa...nem a pia da cozinha ficou ilesa.
Um dos vários pontos tristes disso era saber que meus pais viviam em uma pocilga e o meu namorado atacado acabou com um apartamento chique e que reformar não seria problema pra ele. Mas será que conseguiria reformar sua vida? De qualquer modo, essa foi a primeira e a última vez que ele me acertou.
Dessa vez, EU disse o adeus (geralmente, em relacionamentos, eu é que costumava levar o pé na bunda), sem dizer que o problema era meu, porque de fato, não o era mesmo.
E eu percebi o quanto eu podia estar sendo inconveniente com Jota ao insistir em manter contato. Era muito desagradável ter Eme me perseguindo e dizendo que me amava e não conseguia viver sem mim.
Nessa altura do campeonato, já estava meio farto de ouvir e ler "EU TE AMOs".
Tenho uma dificuldade enorme em dizer que amo alguém, pra dizer a verdade.
Prefiro me sentir amado a ouvir um "Eu te amo" de alguém. E se digo que amo, gosto que a pessoa saiba que não é apenas uma frase bonita.
O que aprendi de fato com isso, é que quando nos relacionamos com os outros, o perigo é quando deixamos de gostar de nós mesmos para gostar da outra pessoa.
Faltava agora (acho que ainda falta, na verdade) só aprender a colocar isso em prática. Risos.
É a vida...
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